A decisão do governo brasileiro de não classificar as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas tem gerado repercussão internacional. A recusa, anunciada após uma reunião com representantes dos Estados Unidos, foi tema de reportagens em veículos como Reuters, The Guardian e The Straits Times.
Segundo a agência Reuters, o Brasil tem evitado um passo considerado decisivo no enfrentamento ao crime organizado, que já ultrapassa fronteiras e estabelece conexões com grupos internacionais. A reportagem destacou a atuação do PCC e do CV em rotas de tráfico de drogas na América do Sul e o fortalecimento dessas facções junto a máfias estrangeiras.
O jornal britânico The Guardian também abordou o caso, enfatizando atividades criminosas como tráfico de armas e lavagem de dinheiro atribuídas às organizações brasileiras. A publicação indicou que há críticas veladas à postura do governo brasileiro diante da expansão dessas redes.
Em Singapura, o The Straits Times repercutiu declarações de autoridades norte-americanas que afirmaram que a designação de grupos como terroristas poderia fortalecer o combate internacional ao crime. Com essa classificação, seria possível aplicar sanções financeiras, bloquear recursos e enfraquecer as cadeias logísticas utilizadas pelas facções.
A recusa formal foi comunicada na terça-feira (6), após encontro realizado em Brasília entre representantes do Palácio do Planalto e uma delegação dos Estados Unidos, liderada por David Gamble, coordenador interino de sanções do Departamento de Estado americano. Durante a reunião, os norte-americanos sugeriram o enquadramento do PCC e do CV como organizações terroristas — proposta que não foi acolhida pelo governo Lula.