O Partido dos Trabalhadores (PT) elaborou uma cartilha com o objetivo de rebater acusações feitas pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em vídeo que critica o governo Lula por suposta omissão diante das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O material, intitulado “Desmentido Nikolas Ferreira – INSS”, possui 30 páginas e foi distribuído a parlamentares da base governista.
Segundo o jornal O Globo, a cartilha responde ponto a ponto às declarações de Nikolas e sugere argumentos para que os deputados do PT utilizem em debates e nas redes sociais. A iniciativa foi alinhada com o Palácio do Planalto, que defende que a reação ao conteúdo do vídeo seja feita pelos congressistas, sem envolvimento direto da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).
No documento, o PT sustenta que “a maioria dos envolvidos no escândalo eram servidores nomeados na gestão de Jair Bolsonaro”, citando nomes ligados ao governo anterior. Também são mencionadas a falta de ações da Polícia Federal durante o mandato de Bolsonaro e a presença de pessoas com vínculos ao ex-presidente entre os investigados.
A presidente nacional do PT e ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforçou o posicionamento do partido nas redes sociais. Ela afirmou que as fraudes tiveram início no governo Bolsonaro e classificou as críticas da oposição como “mentiras oportunistas”.
A discussão ocorre em meio a uma investigação conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) sobre descontos indevidos em benefícios do INSS. O chefe do instituto, Alessandro Stefanutto, foi afastado por decisão judicial e demitido pelo presidente Lula.
A operação identificou um esquema nacional de cobranças ilegais associadas a entidades de aposentados. Os prejuízos com os descontos indevidos somam, até o momento, cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. De acordo com a CGU, essa prática é recorrente desde os anos 1990, com valores que variavam entre R$ 400 milhões e R$ 550 milhões por ano até 2021.
Em 2022, os descontos irregulares somaram R$ 706 milhões, passando para R$ 1,3 bilhão em 2023 e atingindo R$ 2,6 bilhões em 2024. As cobranças ocorriam sem autorização dos beneficiários, como se eles estivessem associados a entidades representativas.