Enquanto o Dia das Mães se aproxima e famílias se organizam para celebrar a data, ao menos nove mulheres que foram condenadas por envolvimento nos atos de 8 de janeiro passarão o domingo encarceradas. O grupo inclui mães com filhos pequenos, adolescentes e adultos, além de relatos de problemas de saúde entre as detentas.
Entre os casos está o de Maria do Carmo, pedagoga de 62 anos e mãe de três filhos. Condenada a 14 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ela cumpre pena no Centro de Assistência Psicossocial Adauto Botelho, localizado em Cuiabá (MT). A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) relata que Maria enfrenta transtorno bipolar, ansiedade, estresse pós-traumático e ideação suicida.
Outras detentas também convivem com condições médicas. Joana de Almeida, mãe de uma mulher de 32 anos, cumpre pena de 16 anos no Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz, em Barbacena (MG). Segundo a Asfav, ela apresenta transtorno ansioso-depressivo, ansiedade generalizada e epilepsia.
A advogada Carolina Siebra, integrante da equipe da associação, aponta que a maioria das mulheres condenadas por participação nos atos recebeu penas que variam de 14 a 17 anos de prisão. Algumas, segundo ela, possuem filhos em condições delicadas de saúde, como Débora Chaves Caiado, mãe de um menino de oito anos com comorbidades, atualmente presa na Penitenciária Feminina de Santana, em São Paulo.
A defesa das detentas questiona a falta de provas concretas de envolvimento direto nos danos ao patrimônio público e critica a diferença de tratamento em comparação a outros casos. Um exemplo citado é o da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, condenada a 18 anos de prisão por lavagem de dinheiro, que obteve liberdade por decisão do STF em 2017.