A assistente social e professora Márcia Lopes foi nomeada ministra das Mulheres pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira (6), após a saída de Cida Gonçalves da pasta. Em sua primeira entrevista no novo cargo, concedida à GloboNews, Márcia criticou declarações consideradas machistas feitas por Lula e afirmou que esse tipo de postura não deve ser tratado com condescendência, mesmo quando parte do chefe do Executivo.
Durante o mês de março, Lula gerou controvérsia ao afirmar que havia escolhido uma “mulher bonita” para a articulação política do governo, em referência à ministra Gleisi Hoffmann. A declaração provocou reações negativas por ser interpretada como machista e desrespeitosa. Em outra ocasião, ao comentar a violência doméstica, Lula afirmou que agressões aumentam “depois de jogo de futebol” e complementou: “Se o cara é corintiano, tudo bem”.
Na entrevista, Márcia destacou que o presidente tem demonstrado compreensão quanto às políticas públicas voltadas às mulheres, cobrando mais ações do ministério. Contudo, ela defendeu que falas que contrariem os princípios da igualdade devem ser enfrentadas com firmeza. “Jamais podemos relativizar essas atitudes que contrariam a nossa luta e a história da esquerda”, afirmou.
A substituição no comando do ministério ocorre em meio a uma reformulação mais ampla da equipe do governo. Cida Gonçalves deixou o cargo na segunda-feira (5), após críticas à sua gestão e denúncias de assédio moral e racismo. Outras mudanças também são cogitadas, como a troca na Secretaria-Geral da Presidência, hoje ocupada por Márcio Macêdo.
Parlamentares do PSD têm pressionado o governo por maior representatividade no primeiro escalão, manifestando insatisfação com o atual comando do Ministério da Pesca, liderado por André de Paula. A substituição na pasta das Mulheres é mais um movimento dentro desse contexto de ajustes internos no governo Lula.