O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que sua recente conversa com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Vaticano, foi a “melhor” entre todas já realizadas entre os dois líderes. O encontro ocorreu no mês passado, à margem do funeral do papa Francisco, em um momento crítico para a Ucrânia, em meio a incertezas sobre o apoio americano e as negociações de paz com a Rússia.
Segundo Zelensky, apesar de breve, a reunião foi “substancial” e incluiu discussões sobre sanções dos EUA e o fortalecimento das defesas aéreas ucranianas. “Foi o mais curto, mas o mais substancial”, declarou. O líder ucraniano revelou ainda que expressou a Trump o desejo de adquirir armas americanas e que o ex-presidente indicou disposição para trabalhar na questão.
Durante a conversa, ambos concordaram que um cessar-fogo de 30 dias seria um “primeiro passo certo”. A reunião no Vaticano, de acordo com Zelensky, foi decisiva para viabilizar um acordo sobre minerais firmado entre os dois países em 30 de abril, o qual vinha sendo negociado desde o início do ano. O pacto prevê a criação de um fundo de investimento conjunto, com possível aporte de ajuda militar americana, segundo a ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko.
Zelensky também comentou sobre a proposta de cessar-fogo temporário feita pela Rússia, que previa uma trégua entre os dias 8 e 11 de maio, período que coincide com as celebrações russas do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. O presidente ucraniano classificou a proposta como insuficiente e disse estar disposto a avançar para um cessar-fogo de 30 dias, contanto que a Rússia demonstre disposição similar.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a proposta russa foi um teste da disposição ucraniana em buscar a paz, solicitando declarações claras de Kiev. Zelensky, no entanto, reforçou que não pretende criar um ambiente que facilite a reinserção de Vladimir Putin no cenário internacional durante as comemorações de 9 de maio, data que contará com a presença de líderes como Xi Jinping, da China, e Aleksandr Lukashenko, de Belarus, em Moscou.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia considerou as declarações de Zelensky uma ameaça, após o presidente ucraniano alertar que não pode ser responsabilizado por possíveis desdobramentos em território russo devido ao conflito em curso.