A recente onda de saques a supermercados nas principais cidades da Argentina, incluindo a capital Buenos Aires, resultou na detenção de quase 200 pessoas e agravou as tensões políticas no país, que está às vésperas de eleições gerais. Incidentes ocorreram na semana passada com grupos mobilizados pelas redes sociais invadindo estabelecimentos em massa, causando desordem, roubos e destruição em algumas das mais importantes províncias argentinas. Segundo relatos oficiais, foram registradas 150 tentativas de saques e 94 prisões nos bairros periféricos da capital Buenos Aires, além de uma série de outras detenções nas províncias de Mendoza, Córdoba, Neuquén e Rio Negro.
Os ataques, de acordo com Raúl Castells, antigo líder de movimentos sociais e pré-candidato à presidência, são uma resposta à crescente crise econômica e disparada inflacionária que assola o país. Segundo Castells, as pessoas estão saindo às ruas em busca de comida, e caso não a encontrem, ele e seus apoiadores estão incentivando a prática dos saques. Os acontecimentos atuais remetem a momentos de crise anteriores no país, como os saques violentos registrados durante os governos dos social-democratas Raúl Alfonsín, em 1989, e Fernando de la Rúa, em 2001.
A reação a esses incidentes tem variado nas esferas políticas do país. O atual presidente peronista, Alberto Fernández, que não concorre à reeleição, classificou os saques como “fatos organizados” e pediu para os cidadãos preservarem a paz social. Em contrapartida, o candidato opositor Javier Milei, figura da extrema direita e candidato mais votado nas primárias, definiu a situação como “trágica”, relacionando a pobreza à ocorrência de saques. Milei e a segunda colocada nas primárias, Patricia Bullrich, têm se manifestado pela necessidade de reestabelecer a ordem e autoridade no país.