Apesar dos esforços significativos do banco central argentino, a intervenção pesada e as tentativas para impedir operações informais não conseguem conter a ascensão do “dólar blue”, a moeda paralela do país. Na véspera das eleições primárias decisivas, o dólar americano atingiu um recorde nominal de 602 pesos por dólar. Nesse cenário, o ministro da Economia e candidato governista, Sergio Massa, propôs o uso de forças de segurança federais e agentes fiscais para combater o mercado paralelo de dólares.
No entanto, de acordo com Gustavo Marangoni, analista político e consultor econômico, estes esforços têm-se mostrado inúteis. “Os agentes só aparecem por alguns dias nas quadras do governo. O ‘dólar blue’ é negociado em todo o país e eles nunca conseguiram suprimir a cotação do dólar alternativo”. Devido à insuficiência de moeda para atender à demanda no mercado oficial, os locais ilegais onde se compra e vende dólares e outras moedas estrangeiras funcionam livremente, especialmente no centro de Buenos Aires.
Marangoni afirma que para tentar controlar o valor do dólar oficial, o governo pode recorrer a vários mecanismos, incluindo a venda de títulos através do Banco Central da República Argentina (BCRA). Este é um comportamento comum às vésperas das eleições, onde a população tenta comprar mais dólares como precaução. Nicolás Alonzo, economista da Orlando Ferrerés & Associados, destaca que a iminente cotação do dólar paralelo está impulsionada pela incerteza pré-eleitoral. “Muitos querem chegar ao domingo com mais dólares nas mãos, mas a emissão monetária acelerada e o fortalecimento do câmbio contribuem ainda mais para a disparidade nas cotações”, observou.