O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, conquistou um segundo mandato após uma vitória significativa nas eleições realizadas no sábado (3), consolidando seu Partido Trabalhista como maioria na câmara baixa do Parlamento. Com pelo menos 85 das 150 cadeiras, Albanese rompe um ciclo de instabilidade que marcou a política australiana nas últimas duas décadas.
O resultado também representa uma derrota expressiva para o Partido Liberal, de centro-direita, que, segundo as projeções mais recentes, obteve apenas 37 cadeiras. O líder da oposição, Peter Dutton, perdeu sua vaga no Parlamento, ampliando o impacto do revés eleitoral.
Analistas apontam que o resultado australiano reflete tendências observadas recentemente em países aliados, como o Canadá, onde os liberais obtiveram recuperação política diante do avanço da retórica conservadora associada ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na Austrália, Dutton foi rotulado por críticos como “Trump Temu”, em alusão à retórica populista e às críticas contra imigrantes, mídia e pautas identitárias.
Durante a campanha, Albanese defendeu medidas para mitigar o aumento do custo de vida, uma das principais preocupações dos eleitores. Entre as propostas estão cortes de impostos, subsídios para medicamentos, facilitação de entrada no mercado imobiliário e construção de 1,2 milhão de novas residências. O primeiro-ministro também reafirmou seu compromisso com ações contra as mudanças climáticas, contrastando com a abordagem mais ideológica de seu adversário.
Em meio a um cenário global instável, Albanese foi visto como um agente de estabilidade, e sua reeleição é a primeira de um chefe de governo australiano em 20 anos. A votação também marca uma possível mudança no padrão político do país, que teve seis primeiros-ministros nos últimos 18 anos, com mandatos curtos e sucessivas trocas de liderança.
Dutton enfrentou críticas por sua postura diante de questões sociais. Ele se posicionou contra cerimônias indígenas em eventos públicos, rejeitou propostas de reconhecimento constitucional dos povos nativos e afirmou que a Austrália recebe imigrantes em excesso. Além disso, buscou atacar pautas educacionais com discursos contrários à “doutrinação woke”, embora tenha recuado posteriormente ao afirmar que não propunha mudanças no currículo escolar.
A vitória de Albanese fortalece a posição do Partido Trabalhista e o capacita a moldar a política australiana com uma base parlamentar sólida. O resultado também sinaliza a preferência do eleitorado por propostas práticas em temas sensíveis como clima e economia, em detrimento de campanhas baseadas em polarização cultural e retórica agressiva.