Cristiano Zanin, renomado advogado e figura influente entre a esquerda brasileira, está sob pressão à medida que o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (30) o julgamento longamente aguardado em relação ao marco temporal para a demarcação de terras indígenas. A decisão sobre se, para reconhecer uma área como território indígena, é necessário comprovar que os indígenas estavam ocupando a terra no momento em que a Constituição de 1988 foi promulgada, tem um relevo significativo para a base do governo Lula. Distanciando-se de seu histórico de defensor ousado dos interesses de esquerda, Zanin foi desfavorável à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental que evidenciava a violência policial contra os povos guarani e kaiowá no Mato Grosso do Sul.
As exibições recentes de Zanin no STF parecem ter incitado tensões com seus colegas esquerdistas. Na semana passada, sua dissidência no julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha o deixou isolado, sustentando uma posição claramente conservadora contra a maioria dos seus colegas ministros. O advogado também foi criticado por votar contra a equiparação da homofobia ao racismo e por apoiar a manutenção da condenação criminal de dois homens acusados de roubo de objetos de valor inocuo.
O posicionamento recente de Zanin tem gerado reações desfavoráveis de figuras esquerdistas proeminentes. A deputada Duda Salabert (PDT-MG) criticou o jurista, afirmando que ele parece “mais preocupado em manter a estrutura conservadora do Supremo do que em promover justiça para grupos historicamente excluídos”. Com o julgamento iminente sobre o marco temporal indígena, a percepção que os aliados da esquerda brasileira têm de Zanin poderá inclinar-se definitivamente em função das suas decisões.