O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, ex-advogado do presidente Lula na operação Lava Jato e indicado pelo mesmo ao STF, tem causado descontentamento entre aliados e apoiadores do governo Lula após sua decisão contrária à liberação do porte de maconha para consumo pessoal. A votação, que contradisse a expectativa de Zanin apoiar a pauta favorável a tal liberalização, comumente associada a uma perspectiva esquerdista, deflagrou uma série de críticas no partido do presidente, o PT.
Figuras proeminentes do PT manifestaram desagrado com o voto de Zanin em grupos de mensagens, como reportou a Folha de S.Paulo. O partido, que tem uma posição de esquerda e considera a descriminalização da maconha uma questão importante para sua base, criticou a escolha do presidente Lula ao indicar o ministro sem considerar suas opiniões sobre pautas centrais ao partido. Apesar das críticas privadas, nenhum membro do partido manifestou publicamente descontentamento com Zanin. No entanto, o deputado Zeca Dirceu, líder da bancada do PT, defendeu o ministro, afirmando ter confiança na atuação futura de Zanin no STF.
Nos movimentos de centro e direita, a decisão de Zanin foi recebida com apreço, com parlamentares afirmando que o voto respeitou a independência dos poderes estabelecida na Constituição Federal e fez jus à função do Congresso Nacional, que já rechaçou a descriminalização do porte de drogas em duas ocasiões. Para esses parlamentares, a ação do STF em deliberar sobre assuntos tratados pelo Congresso seria uma invasão de atribuições entre os poderes. Tais opiniões contrastantes revelam como a nomeação de Zanin para o STF tem gerado reações polarizadas nos diferentes espectros do cenário político brasileiro.