Com a proximidade do fim do mandato de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República (PGR) e possível mudanças no direcionamento das investigações, Lindôra Araújo, vice-procuradora e conhecida como braço-direito de Aras, tem defendido no Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento do inquérito que investiga o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre um suposto esquema de caixa 2 em sua campanha à prefeitura de São Paulo em 2012. A investigação, iniciada em 2015 pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP/MS) com base em um relatório do Coaf, foi alimentada pela delação premiada dos ex-marqueteiros João Santana Filho e Mônica Moura, que apontaram para um suposto caixa 2 de R$ 50 milhões na campanha do petista.
De acordo com os ex-marqueteiros, uma diferença não declarada de R$ 20 milhões teria sido quitada pela Odebrecht (R$ 15 milhões) e pelo empresário Eike Batista (R$ 5 milhões). Com a nomeação de Haddad como ministro da Fazenda, o caso foi para o STF e os autos foram remetidos à PGR para avaliação de competência. No entanto, Lindôra Araújo argumenta, em parecer ao STF, que não haveria atribuição da PGR para apurar o caso, devido à “ausência de contemporaneidade” entre a nomeação de Haddad e os fatos sob suspeita. Araújo defende a “inexistência de elementos informativos capazes de justificar” a apuração e vê “completa inconsistência do envolvimento” de Haddad no caso.
No entanto, a vice-PGR sugere que a investigação de supostos pagamentos irregulares da campanha envolvendo representantes dos diretórios nacional e municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) deveria continuar em relação a outros investigados. Segundo Araújo, o envolvimento dos demais investigados no caso se baseia em “elementos diversos que vão além das declarações dos colaboradores e dos dados da planilha por eles fornecida”. Esta posição suscita questões relacionadas à gestão de Augusto Aras na PGR e seus futuros desenvolvimentos.