A gigante do varejo brasileiro Via, proprietária de marcas notáveis como Casas Bahia, Extra.com, e Ponto, vem enfrentando uma crise significativa, evidenciada por um prejuízo de R$ 492 milhões e uma dívida de R$ 5,479 bilhões registrada no segundo trimestre. O cenário preocupante levou a empresa a anunciar um plano de recuperação que promete cortar até R$ 1 bilhão de seus estoques, fechar até 100 lojas, e realizar demissões. Especialistas ouvidos pelo portal UOL apontam fatores como a inflação, os juros altos, e a estagnação das vendas desde 2020 como contribuintes para a crise da Via.
O endividamento da empresa foi exacerbado durante a pandemia, período no qual recorreu a empréstimos com juros de até 2% ao ano. Entre janeiro de 2021 e agosto de 2022, contudo, a taxa de juros aumentou expressivamente, chegando a 13,75% ao ano. Este encarecimento do crédito, somado à queda da renda familiar, comprometeu o consumo e agravou a situação da Via, que atualmente paga juros anuais de 15,85%. Este valor equivale a R$ 871 milhões unicamente em serviço da dívida.
Apesar das dificuldades, uma possível queda na taxa Selic – a taxa básica de juros do país – pode aliviar a pressão sobre a empresa. Esse cenário fomentaria um ligeiro aquecimento do consumo, favorecendo o varejo e, consequentemente, a Via. Paralelamente, o plano de recuperação inclui medidas como a redução de 11% do quadro de funcionários, o fechamento de 9% das lojas, e a diminuição de 40% no nível de investimento. Embora a empresa espere que essas ações possibilitem a geração de R$ 1 bilhão em lucro líquido antes de imposto de renda, não há prazo previsto para tal.