Moléculas de veneno do peixe niquim podem ser a nova esperança no tratamento da asma, conforme revela pesquisa realizada pelo Instituto Butantan. Um peptídeo denominado TnP, derivado do veneno do peixe, mostrou resultados promissores em estudos publicados na revista científica Cells, onde foi aplicado em modelos animais. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a asma é uma doença crônica que afeta 262 milhões de pessoas ao redor do mundo, sendo a causa de 455 mil mortes por ano, especialmente em países de baixa e média renda.
Essa surpreendente descoberta foi feita pelo Laboratório de Toxinologia Aplicada do Butantan em 2007, e desde então, estudos têm apontado para a utilização da molécula para tratamento de doenças inflamatórias. A proteína extraída do veneno, também com propriedades anti-inflamatórias, originou uma série de peptídeos sintéticos patenteados em 13 países pelo grupo de pesquisa. Segundo o estudo, o TnP foi tão eficiente quanto a dexametasona, medicamento comumente utilizado para tratar a asma, na redução de células inflamatórias.
Entretanto, onde o TnP realmente se sobressai é em sua capacidade de reduzir a presença de eosinófilos, células responsáveis pela inflamação em aproximadamente metade dos pacientes com asma, com redução de 100%. Não apenas isso, mas o tratamento também atenuou a remodelação das vias aéreas e reduziu o muco no pulmão. Diferente dos tratamentos convencionais que podem ocasionar efeitos colaterais como taquicardia e agitação, o TnP não demonstrou esses efeitos adversos. Estes avanços abrem uma promissora perspectiva de o TnP se tornar uma alternativa segura no combate à asma.