O laureado com o Prêmio Nobel, Dmitry Muratov, foi classificado como “agente estrangeiro” pelas autoridades russas, um movimento que muitas vezes é implantado contra críticos das políticas do Kremlin. Muratov, editor do jornal independente Novaya Gazeta, e co-vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2021, foi mencionado como uma das várias adições russas à lista, conforme relatado pelo Ministério da Justiça.
Os indivíduos rotulados como “agentes estrangeiros” foram submetidos a escrutínio policial e outras medidas punitivas. Embora Muratov ainda permaneça na Rússia, muitos da lista optaram por partir do país desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2021.
O Ministério da Justiça justificou a classificação de Muratov alegando que o jornalista “criou e divulgou material produzido por agentes estrangeiros, utilizando-o para expressar opiniões negativas sobre as políticas internas e externas da Rússia em plataformas internacionais”. Na Rússia, a lei permite que indivíduos e organizações que recebem financiamento do exterior sejam rotulados como agentes estrangeiros, um movimento que pode potencialmente comprometer sua credibilidade junto ao público local. Além disso, aqueles designados como agentes estrangeiros devem destacar seus trabalhos publicados com um aviso de seu status.
A Novaya Gazeta e Dmitry Muratov são reconhecidos internacionalmente por suas reportagens investigativas muitas vezes críticas ao Kremlin. Posteriormente, Muratov fez leilão de sua medalha do Prêmio Nobel, anunciando que os 103,5 milhões de dólares arrecadados seriam destinados a ajudar crianças refugiadas da Ucrânia.
Em resposta à legislação que impõe penas severas para denegrir a operação militar da Ucrânia e os soldados russos, a Novaya Gazeta suspendeu sua publicação em 2022. Desde então, muitos de seus jornalistas se reuniram em uma nova publicação na Letônia.
Outras personalidades russas também foram incluídas na lista de “agentes estrangeiros” na sexta-feira, incluindo um jornalista que escreveu peças favoráveis à Ucrânia, um comediante que se opõe à guerra e um historiador da Chechênia, um país onde a Rússia enfrentou insurgentes em duas guerras após a era soviética.