O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido pela Vaza Jato, foi condenado a 1 ano, 1 mês e 10 dias de prisão pelo crime de calúnia por acusar, sem provas, o procurador da República Januário Paludo de corrupção passiva. A condenação ocorreu na 1ª Vara Federal de Araraquara, em São Paulo, com a pena estabelecida em regime semiaberto, podendo ser recorrida.
A acusação se baseou em uma entrevista de Delgatti à revista Veja, em dezembro de 2019, na qual ele afirmava ter ouvido um áudio em que Paludo aceitava dinheiro de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras condenado na Operação Lava Jato. No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) esclareceu que o áudio se referia a uma negociação de delação premiada, e a Corregedoria-Geral do MPF afastou qualquer ilegalidade no conteúdo dos áudios.
Duas agravantes foram consideradas na pena de Delgatti: o crime foi praticado contra servidor público em razão de suas funções e a reincidência, já que o hacker possui condenação penal anterior em São Paulo. Seus maus antecedentes e as circunstâncias do crime de calúnia impossibilitaram a substituição da prisão por penas alternativas.
Em outras investigações, Delgatti afirmou ter sido contratado pela deputada Carla Zambelli para invadir o sistema das urnas eletrônicas e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além disso, ele disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro prometeu um indulto para fraudar as eleições de 2022 e pediu que Delgatti assumisse a autoria de um grampo em Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa de Bolsonaro entrou com uma queixa-crime contra Delgatti, também sob acusação de calúnia.