A Ucrânia anunciou na quinta-feira (31) que recebeu mais de 3.000 processos judiciais acusando a Rússia de cometer crimes hediondos contra crianças ucranianas. De acordo com Yulia Usenko, chefe do Departamento para a Proteção dos Interesses das Crianças e Combate à Violência do Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia, as acusações incluem “assassinatos, mutilações, rapto de crianças, deslocamento forçado, deportação, violência sexual contra crianças e sequestro”. As investigações conduzidas pelos órgãos judiciais ucranianos documentaram esses crimes em mais de 3.200 processos.
De acordo com dados divulgados, 75 crianças teriam sido submetidas a torturas brutais pelas forças russas, com 69 delas tendo sido localizadas na aldeia de Yahidne, na região norte de Chernihiv. Essas crianças foram mantidas em confinamento com adultos, em uma situação que Usenko descreveu como equiparada à tortura. De acordo com os relatos, casos isolados também foram documentados nas regiões sul de Kherson e nordeste de Kharkiv, onde as crianças teriam sido privadas de liberdade e torturadas físicamente.
O tratamento do governo russo em relação às crianças ucranianas tem sido condenado internacionalmente há algum tempo. A Ucrânia alega que um grande número de crianças foram ilegalmente deportadas para a Rússia. Em resposta a essas alegações, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de detenção para o presidente russo, Vladimir Putin, e Maria Lvova-Belova, uma autoridade russa, por seu suposto envolvimento em um esquema de deportação. A Ucrânia também afirmou que apenas uma pequena parcela das crianças deportadas conseguiram retornar ao país. A Rússia, no entanto, nega essas acusações e defende sua ação, alegando que está salvando as crianças.