O governo dos Estados Unidos estuda classificar as facções criminosas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A proposta, apoiada por aliados do ex-presidente Donald Trump, avança mesmo diante da oposição do governo brasileiro.
A visita de representantes ligados a Trump ao Brasil teve como objetivo discutir a medida com autoridades locais. No entanto, diante da resistência do Palácio do Planalto, os Estados Unidos indicam que podem seguir com a decisão de forma unilateral.
De acordo com declarações de um assessor de Trump ao portal Metrópoles, a classificação não depende de aprovação de outros governos. Segundo ele, grupos ligados ao narcotráfico são, para muitos, fontes constantes de terror nas comunidades.
A estratégia norte-americana visa sufocar financeiramente o PCC e o Comando Vermelho. Caso sejam enquadrados como terroristas, qualquer empresa ou indivíduo com vínculos com essas facções poderá ser alvo de bloqueios e sanções econômicas. Um dos objetivos é desarticular as redes logísticas e de apoio utilizadas pelo crime organizado.
A designação também permitiria penas mais rigorosas para envolvidos com as facções e a deportação de criminosos presos nos Estados Unidos para o Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot), em El Salvador, uma prisão de segurança máxima.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil manifestou contrariedade à proposta. Para o governo Lula, PCC e CV atuam com foco no lucro por meio do tráfico de drogas e armas, sem motivações ideológicas, religiosas ou de ódio, o que os desqualificaria como grupos terroristas segundo a legislação brasileira.
Apesar do impasse em relação à classificação, autoridades dos dois países mantêm ações de cooperação no combate ao crime organizado. Segundo aliados de Trump, há operações conjuntas bem-sucedidas entre os Estados Unidos, a Polícia Federal e forças de segurança de diversos estados brasileiros.