Em 21 de maio de 2025, durante uma reunião na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confrontou o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, com alegações de perseguição e violência contra a minoria branca na África do Sul, especialmente os afrikaners. Trump exibiu vídeos e artigos que, segundo ele, evidenciavam um “genocídio” em curso contra agricultores brancos no país africano.
A reunião, inicialmente programada para discutir relações comerciais, tomou um rumo inesperado quando Trump apresentou um vídeo contendo discursos de políticos sul-africanos, incluindo o líder da oposição Julius Malema, entoando cânticos como “Shoot the Boer” (“Atire no fazendeiro”), interpretados por Trump como incitação à violência contra brancos.
Resposta sul-africana e contexto interno
Ramaphosa refutou as acusações, afirmando que, embora a África do Sul enfrente altos índices de criminalidade, não há evidências de perseguição sistemática contra a população branca. Dados oficiais indicam que a maioria das vítimas de crimes violentos no país são cidadãos negros.
O presidente sul-africano também destacou que as políticas de reforma agrária, incluindo a controversa Lei de Expropriação sancionada em janeiro de 2025, visam corrigir desigualdades históricas no acesso à terra, sem discriminar qualquer grupo étnico.
Programa de refugiados e críticas internacionais
Recentemente, o governo Trump concedeu status de refugiado a 59 sul-africanos brancos, alegando que estavam fugindo de perseguição racial. A medida gerou críticas de diversos setores, que acusam a administração americana de seletividade racial na concessão de asilo.
Organizações como a AfriForum, que representam interesses da comunidade afrikaner, negam a existência de um genocídio branco na África do Sul, embora reconheçam preocupações legítimas sobre segurança e políticas de ação afirmativa.
Implicações para as relações bilaterais
O embate entre Trump e Ramaphosa evidencia tensões nas relações entre os dois países, especialmente em temas sensíveis como direitos humanos e políticas internas. Enquanto o governo sul-africano busca reforçar laços comerciais e atrair investimentos, as recentes ações e declarações da administração americana podem dificultar esse objetivo.
Observadores internacionais alertam para os riscos de politizar questões complexas como reforma agrária e segurança pública, ressaltando a importância de abordagens baseadas em dados concretos e diálogo construtivo.