Um programa criado para facilitar o acesso ao crédito por aposentados e pensionistas do INSS foi suspenso de forma silenciosa pelo governo federal e passou a ser associado a suspeitas de uso indevido de recursos públicos. A iniciativa, chamada “Meu INSS Vale+”, teve como operadora principal o PicPay, fintech vinculada à holding J&F, controlada pelos empresários Joesley e Wesley Batista.
Segundo o cientista político Luiz Fernando D’Ávila, a emissão dos cartões foi conduzida por instituições financeiras parceiras, entre elas o PicPay. A presença da empresa no projeto levanta dúvidas sobre os reais interesses por trás da iniciativa. D’Ávila destaca que os irmãos Batista já estiveram no centro de investigações da Operação Lava Jato, por meio do escândalo envolvendo a JBS, marcado por delações premiadas, corrupção e desvio de recursos.
Nas redes sociais, o cientista político afirmou que o modelo atual repete práticas do passado, com a utilização de estruturas privadas para acessar recursos públicos. Para ele, a diferença estaria apenas na roupagem do esquema. “Eles usam a necessidade do aposentado como escada para lucrar com dinheiro público”, escreveu.
D’Ávila também apontou que a suspensão do programa ocorreu sem anúncio oficial ou apuração por parte do Congresso Nacional. Segundo ele, demissões de servidores ligados à gestão do cartão foram feitas de forma discreta, o que contribuiu para um ambiente de desconfiança.
O cientista político defende maior transparência e investigação sobre o caso. Em sua avaliação, é necessário esclarecer até que ponto figuras já envolvidas em escândalos anteriores voltaram a participar de estruturas semelhantes, agora sob novos formatos.