O Senado Federal deu início a uma ampla fiscalização sobre os Correios, com foco em indícios de má gestão, suspeitas de fraudes e prejuízos financeiros acumulados pela estatal. A investigação ocorre no âmbito da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC), que aprovou a Proposta de Fiscalização e Controle (PFC) nº 2, de autoria da senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
A fiscalização começou em 23 de abril e conta com o apoio técnico do Tribunal de Contas da União (TCU). A relatoria do processo foi atribuída ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), conforme oficializado pelo presidente da comissão, Dr. Hiran (PP-RR), nesta terça-feira (6).
A apuração terá quatro eixos principais: irregularidades administrativas e contábeis, denúncias de assédio moral, gestão temerária e a interrupção de serviços logísticos. Entre os pontos de destaque estão a suspeita de manobras financeiras, aumento expressivo de patrocínios, desistência de ações judiciais bilionárias e atrasos nos pagamentos a transportadoras e fornecedores.
Além disso, a comissão investigará denúncias de concorrência desleal por meio de agências paralelas, que estariam operando fora do sistema oficial dos Correios, comprometendo a concorrência e a integridade dos serviços postais.
As PFCs são instrumentos previstos para apurar falhas na administração pública. O relatório final será encaminhado a diversos órgãos, incluindo o Ministério Público Federal, a Advocacia-Geral da União (AGU), o Executivo federal, a Comissão Mista de Orçamento e o próprio TCU.
A apuração em curso também poderá fortalecer a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a crise nos Correios. O senador Márcio Bittar (União Brasil-AC) apresentou o pedido em fevereiro, mas a instalação ainda depende de decisão do presidente da Comissão Diretora do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Com o avanço das investigações, aumenta a pressão por medidas mais abrangentes para esclarecer os prejuízos financeiros e as falhas administrativas na estatal.