Em um reflexo dos desdobramentos econômicos causados pela pandemia da Covid-19, o número de pedidos de seguro-desemprego acumulados nos primeiros sete meses de 2023 atingiu o maior patamar para o período desde 2020. De acordo com dados provenientes do Painel de Informações do Seguro-Desemprego, do Ministério do Trabalho e Emprego, até julho de 2023, o Brasil registrou mais de 2,25 milhões de pedidos desse benefício. Em comparação, entre janeiro e julho de 2020, período que marcou o início da crise sanitária global, foram feitos aproximadamente 2,29 milhões de solicitações.
Mesmo diante do aumento, o país parece traçar um lento caminho para a recuperação econômica, uma vez que o índice de desemprego no Brasil segue em queda. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no segundo trimestre de 2023 atinge 8% da população, valor considerado o mais baixo para o período desde 2014, quando registrava 6,9%. Para Fernando Barbosa de Holanda Filho, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, a melhora no mercado de trabalho pode estar impactando diretamente esse aumento nos pedidos do benefício.
Ainda assim, o pesquisador ressalta que o índice atual mostra um crescimento de 7,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com 2021, a expansão de pedidos de seguro-desemprego neste ano foi de 22%. Para Holanda, esse aumento pode ser reflexo de uma maior rotatividade no mercado de trabalho, já que historicamente, o índice de seguro-desemprego tende a ser pró-cíclico. “Gastamos mais com o seguro-desemprego quando o mercado de trabalho melhora”, afirma.