Relatora da CPMI do 8 de janeiro pede acareação entre Bolsonaro e ex-ajudante de ordens

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os fatos relacionados à invasão do Congresso Nacional no dia 8 de janeiro, protocolou um requerimento para realizar uma acareação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. O objetivo é esclarecer as contradições entre os depoimentos dos dois sobre o envolvimento de Bolsonaro na organização e no financiamento dos atos antidemocráticos.

O requerimento de Eliziane é o único que envolve o ex-presidente na lista de 13 pedidos de acareação que aguardam votação na CPMI. Os demais se referem a outros personagens-chave do processo, como o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Lula, general Gonçalves Dias, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Júnior, que confessou ter invadido os celulares de autoridades.

A acareação é um procedimento que busca apurar a verdade de uma situação por meio do confronto entre partes, testemunhas ou outros participantes de processo judicial, que prestaram informações prévias divergentes. No entanto, desde o início da CPMI, nenhum requerimento pedindo esse tipo de depoimento foi aprovado.

Além da inédita aprovação da acareação, a relatora enfrenta outros obstáculos para viabilizar seu pedido. A CPMI está próxima do fim do prazo de funcionamento e o clima entre os membros é de tensão e desacordo. A última reunião deliberativa foi cancelada por falta de consenso sobre a pauta e por muitos gritos e acusações entre os participantes.

O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), afirmou que só irá votar novos requerimentos de convocação se houver acordo para chamar um representante da Força Nacional. Esse é um pedido da oposição, que alega uma inação da tropa durante a invasão do dia 8 de janeiro.

Diante desse cenário, a possibilidade de realizar uma acareação entre Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens parece cada vez mais distante.

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