Uma matéria publicada pelo portal Terra Brasil Notícias descreve um cenário hipotético, datado de novembro de 2025, sobre uma suposta aproximação diplomática entre a Síria e os Estados Unidos. Segundo o texto original, o líder sírio Ahmed al-Shaara teria participado de uma partida de basquete com militares americanos antes de um encontro com o então presidente Donald Trump. Uma verificação dos fatos, no entanto, aponta que a narrativa é especulativa e contém múltiplas informações que não correspondem à realidade geopolítica atual.
Verificação dos fatos e inconsistências
A narrativa original se baseia em eventos datados para o futuro (2025) e apresenta uma configuração de poder que não é factualmente correta. Ahmed al-Shaara, também conhecido como Abu Mohammad al-Jolani, é o líder do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que esteve à frente da ofensiva que levou à queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024. Contudo, o governo de transição sírio é atualmente chefiado pelo primeiro-ministro Mohammed al-Bashir. Além disso, o atual presidente dos Estados Unidos é Joe Biden, e não Donald Trump.
Não existem registros públicos ou confirmações de fontes oficiais sobre a alegada partida de basquete ou sobre uma visita de al-Shaara aos EUA para uma reunião na Casa Branca. A matéria também menciona a presença do almirante Brad Cooper, que, segundo informações da Marinha dos EUA, se aposentou do serviço ativo em fevereiro de 2024, não estando mais no comando de forças americanas.
Contexto atual das relações entre EUA e Síria
A relação diplomática entre os Estados Unidos e a Síria permanece complexa. O governo americano mantém uma postura de cautela em relação à nova administração em Damasco. O grupo HTS, liderado por al-Shaara, continua sendo classificado como uma organização terrorista por Washington. Conforme declarado pelo Departamento de Estado dos EUA, a política americana não prevê a normalização das relações com um governo que inclua o HTS. O foco de Washington na região permanece na derrota do Estado Islâmico (ISIS) e na busca por uma solução política duradoura para o conflito sírio, em conformidade com a Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU.
Dessa forma, a reportagem que circulou deve ser interpretada como um exercício de especulação ou ficção, e não como um relato jornalístico de eventos ocorridos.