Em meio a articulações para a próxima reforma ministerial, o espaço político concedido ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido motivo de discórdia entre os membros da própria sigla. O anúncio oficial da reforma, esperado para acontecer até o final desta quarta-feira (6), tem sido adiado em função de descontentamentos internos da legenda política.
Os últimos detalhes anunciados sobre o novo redesenho ministerial não foram bem recebidos por vários dirigentes e parlamentares do PSB, partido do vice-presidente, Geraldo Alckmin. Isso porque as mudanças implicam na retirada de Márcio França, do PSB, do cargo de ministro de Portos e Aeroportos. Segundo a previsão, a pasta seria entregue ao deputado Silvio Costa Filho, do Republicanos.
Esse reajuste no cenário governamental já estava sendo planejado, mas foi oficialmente endossado em um almoço na última terça-feira (5), entre Lula e Alckmin. A intenção do governo seria compensar França com a criação do Ministério de Micro e Pequenas Empresas. No entanto, a viabilização deste novo ministério implica na retirada de atribuições do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, atualmente comandado por Alckmin.
As mudanças propostas causaram protestos no PSB, com informações de que o vice-presidente Alckmin teria ficado particularmente irritado com a fatia de poder ofertada ao seu partido. Algumas vozes internas ao PSB chegaram a advogar pela saída da legenda da base de apoio de Lula.
No panorama atual, o PSB detém controle de três Ministérios importantes: além dos cargos ocupados por Alckmin e França, Flávio Dino, também do PSB, é Ministro da Justiça. Entretanto, há uma visão interna no partido de que Dino faz parte da “cota pessoal” de Lula, enquanto França e Alckmin estão sendo submetidos a um desgaste político sem necessidade.
O líder do Progressistas na Câmara, André Fufuca (MA), comunicou terça-feira ao Palácio do Planalto que não estaria interessado em assumir o Ministério dos Esportes em seu formato atual. O Progressistas almeja fortalecer a pasta com a criação de novas secretarias e o Fundo Nacional do Esporte, financiado por emendas.
Apesar das controvérsias com o PSB, as negociações com o PP e o Republicanos têm progredido favoravelmente nas últimas horas, tornando viável que Lula anuncie a tão esperada reforma ministerial ainda nesta quarta-feira.