Política

Povos Indígenas criticam proposta de Moraes no STF sobre demarcação de terras

Povos Indígenas criticam proposta de Moraes no STF sobre demarcação de terras

Em meio ao julgamento quanto ao marco temporal para demarcação de terras indígenas, que opõe ruralistas a povos originários no Supremo Tribunal Federal (STF), organizações que representam povos indígenas no Brasil criticam a proposta de conciliação apresentada pelo ministro Alexandre de Moraes. Apesar de seu voto contra a tese do marco temporal ter sido elogiado, as entidades afirmam que as proposições subsequentes do ministro trazem contradições e ameaçam a proteção dos povos originários. O julgamento, que havia sido interrompido em junho deste ano após o voto de Moraes, foi retomado nesta quarta-feira (30).

Moraes propôs a possibilidade de indenização prévia a fazendeiros que tenham ocupado territórios de tradicional ocupação indígena de boa-fé, uma mudança significativa em relação ao modelo atual, onde os ocupantes são indenizados apenas por benfeitorias feitas na terra. Além disso, o ministro levantou a possibilidade de que haja uma “compensação” aos povos originários por terras consideradas de ocupação “consolidada” por não indígenas, nos casos em que a demarcação seja contrária ao “interesse público”.

Entidades como a Comissão Guarani Yvyrupa e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), expressaram críticas às propostas. Segundo a Comissão Guarani Yvyrupa, as sugestões de Moraes podem levar a “efeitos práticos extremamente perniciosos para as comunidades indígenas”, podendo expô-las a decisões desfavoráveis em ações de reintegração de posse. A Apib afirma que, na prática, a proposta do ministro “diminui a proteção constitucional do Direito Originário dos Povos Indígenas sobre suas Terras de ocupação Tradicional” e ignora a relação essencial entre povos indígenas e suas terras originárias. Ambas as instituições argumentam que a proposta da “compensação” ignora a relevância cultural e espiritual que o território de origem tem para essas comunidades.