Investigações da Polícia Civil concluíram que mais de R$ 1 milhão pago pelo Corinthians a uma intermediária no contrato de patrocínio com a empresa Vai de Bet foi desviado para a UJ Football Talent Intermediação Ltda., organização apontada como vinculada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no segmento esportivo.
De acordo com as autoridades, o Corinthians foi vítima de um esquema de lavagem de dinheiro, no qual recursos foram camuflados para esconder sua origem ilícita. O delegado Tiago Fernando Correia declarou que o clube “não tem responsabilidade sobre qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja em sua conta bancária”.
O relatório policial inclui informações que podem impactar a situação do presidente do Corinthians, Augusto Melo, que enfrenta um processo de impeachment. A votação sobre seu afastamento está agendada para 26 de maio, e membros da oposição devem utilizar os novos dados para intensificar a pressão política.
O inquérito também informa que o delator do esquema, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, foi morto em uma emboscada no Aeroporto de Guarulhos, em novembro de 2024. A investigação aponta que o clube foi alvo de um furto qualificado cometido por uma associação criminosa.
Esquema envolveu intermediação e empresas de fachada
Segundo os documentos, o Corinthians realizou dois depósitos de R$ 700 mil para a Rede Social Media Design Ltda., empresa encarregada de intermediar o contrato com a Vai de Bet. Parte desses valores foi posteriormente repassada a outras empresas, entre elas a Neoway Soluções Integradas, identificada como laranja no esquema.
A Wave Intermediações e Tecnologia Ltda. também foi citada nas investigações. A empresa teria recebido R$ 1 milhão e movimentado cerca de R$ 13 milhões em poucos dias. O relatório aponta que os recursos desviados foram direcionados à UJ Football Talent.
Empresas conectadas e prisões
A investigação revelou conexões entre a Wave e a Victory Trading, empresa que também está sob suspeita. O sócio único da Victory foi preso. O delegado responsável concluiu que a relação entre essas empresas foi utilizada para mascarar o destino final dos valores desviados.
Alex Cassundé, empresário ligado ao Corinthians e responsável pela intermediação do contrato, alegou ter sido vítima do esquema. No entanto, documentos analisados pela polícia indicam envolvimento direto. A apuração também inclui a atuação de outros empresários no caso.
O contrato entre Corinthians e Vai de Bet foi firmado em janeiro de 2024, no valor de R$ 360 milhões. A rescisão ocorreu em junho do mesmo ano, após a empresa de apostas acionar cláusulas anticorrupção, motivadas por denúncias sobre repasses de comissões.
Em nota, o Corinthians informou que o inquérito corre sob segredo de Justiça e que não comentaria o caso.