A fala do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, sobre a possibilidade de prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi alvo de críticas por parte da oposição e também de especialistas em direito. Rodrigues se referiu ao caso que envolve suspeita de irregularidades na compra de joias e disse, em entrevista ao UOL, que há pressupostos legais para tal ação, embora ele mesmo não participe das investigações diretamente nem conheça detalhadamente todos os elementos apurados até o momento.
A declaração de Rodrigues causou reações negativas entre os aliados de Bolsonaro. Alguns falam em “aparelhamento da PF”, enquanto o senador Flávio Bolsonaro chegou a pedir a prisão do diretor-geral por abuso de autoridade. Rogério Marinho, líder do PL no Senado, também criticou o posicionamento do chefe da PF, acusando-o de antecipar de forma ilegal a conclusão das investigações. O senador Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato, considerou a declaração inapropriada, lembrando o princípio de que cabe aos delegados da investigação, e não à direção da PF, tratar dessas questões.
Por outro lado, o senador Alessandro Vieira defendeu a fala de Rodrigues, entendendo que ele se posicionou no campo das possibilidades jurídicas e ressaltou a sua posição de distanciamento em relação aos dados concretos da investigação. Juristas reconhecem a legalidade das declarações de Rodrigues, mas alertam para o risco de comprometimento da isonomia do inquérito e de abertura para a politização do caso. Segundo o advogado Arthur Rollo, a continuidade da resposta de Rodrigues sobre um caso que ele não conhece em profundidade pode reforçar o discurso de perseguição política.