O Partido Liberal (PL) decidiu afastar Fábio Wajngarten do cargo de assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro após a divulgação de mensagens em que o ex-ministro faz críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. As conversas, reveladas pelo site UOL, expõem um racha interno no partido sobre o protagonismo político de Michelle e geraram forte mal-estar entre aliados do ex-presidente.
Mensagens vazadas revelam posicionamento contra candidatura de Michelle
As mensagens trocadas entre Wajngarten e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, datam de janeiro de 2021. Na ocasião, o então assessor encaminhou uma reportagem que mencionava a possibilidade de o PL lançar Michelle como candidata. A reação de Cid foi contundente, afirmando que “preferia o Lula”, ao que Wajngarten respondeu com um “idem”, demonstrando desaprovação à ideia.
Em outro trecho da conversa, Wajngarten comentou que o partido pagaria R$ 39 mil mensais à ex-primeira-dama porque “ela carrega o bolsonarismo sem a rejeição do Bolsonaro”. O diálogo prosseguiu com Cid alertando que Michelle sairia “destruída” caso entrasse para a política, sugerindo que aspectos de sua personalidade poderiam ser usados contra ela em uma eventual campanha.
Preocupações sobre exposição política e críticas à liderança do partido
Em fevereiro do mesmo ano, o tema voltou à tona quando Wajngarten compartilhou com Cid uma nova reportagem que especulava sobre uma possível candidatura de Michelle ao Senado. O ex-assessor relatou ter questionado Bolsonaro se ele havia autorizado tal articulação política, expressando preocupação de que a exposição da ex-primeira-dama resultaria apenas em “matérias negativas”.
Cid concordou com a avaliação, mencionando que Michelle “tem muito furo” e “muita coisa pra queimar, inclusive do passado”. As mensagens também revelam críticas à liderança do partido, com comentários sobre o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmando que ele “fala demais” e estava “todo enrolado” com “documentos e papéis”.
A divulgação dessas conversas privadas contribuiu diretamente para a decisão do PL de afastar Wajngarten, especialmente em um momento em que o partido busca alinhar seu discurso para as eleições de 2026.