Nascido em um país cujo território é livre de armas nucleares, o costa-riquense Carlos Umaña acredita que erradicação completa desses arsenais é crucial para evitar uma catástrofe global.
Umaña é copresidente da Associação Internacional de Médicos para a Prevenção da Guerra Nuclear, uma organização que foi premiada com o Nobel da Paz em 1985. Ele também faz parte da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, sigla em inglês) que ganhou o prêmio em 2017.
Recentemente, o profissional falou à BBC News Mundo sobre os perigos da ameaça nuclear, especialmente em um momento em que a tensão entre as potências mundiais está crescendo. Ele menciona o Relógio do Apocalipse, um indicador do risco nuclear global, que atualmente está “marcando 90 segundos para a meia-noite, ou seja, o risco mais alto da história”.
Umaña também aponta que o risco de um conflito nuclear acidental é maior do que muitos acreditam. De acordo com ele, estivemos à beira de uma guerra nuclear em larga escala seis vezes. Ele explica que dos 12,5 mil arsenais nucleares existentes no mundo, cerca de 2.000 estão em estado de alerta máximo, podendo ser detonadas em um intervalo de 6 a 15 minutos.
Esses sistemas são vulneráveis a erros técnicos, ciberataques e falhas humanas. “Estes sistemas respondem a quem der a ordem de detoná-los. Eles já confundiram nuvens de tempestade, bandos de gansos ou balões meteorológicos com ameaças nucleares.”
A questão das armas nucleares é uma que cria um dilema internacional, pois alguns países possuem tais armas, enquanto o restante do mundo considera isso como uma instabilidade. Para Umaña, a solução para isso seria o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares (TPAN), que propõe a proibição universal das armas nucleares.
Este tratado, de acordo com Umaña, traz uma estigmatização das armas nucleares, colocando pressão e ativismo contra a normalização dessas armas de destruição em massa.
Entretanto, a mudança não é fácil. O médico isto vai exigir tempo e conscientização sobre as consequências humanitárias se as armas nucleares fossem utilizadas.
“Neste momento em que estamos à beira do precipício, o mais importante é nos afastarmos um pouco, caminhando até conseguir eliminá-las por completo. Enquanto não conseguirmos, não estaremos livres do vírus: ou acabamos com as armas nucleares, ou elas acabam conosco.”
Eleclusive mencionou o discurso da diferença usado para justificar a guerra e estigmatizar toda uma população e a necessidade de modificar esta perspectiva . “É preciso deixar de pensar nos demais como diferentes e inferiores, sobre os quais precisamos imperar”, disse ele.
No final de sua conversa com a BBC, o Dr. Umaña conclama a sociedade a redescobrir a humanidade uns nos outros. “Precisamos deixar de ignorar nossa humanidade, nossos impulsos e destacar a questão da convivência, a questão da paz.”, disse ele.