Em uma recente reviravolta, o Tenente-Coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, perdeu sua função na corporação mas manteve seu salário mensal de R$ 27.027, conforme exigido pelo ministro Alexandre de Moraes para a homologação da delação premiada. De acordo com o Portal da Transparência, com os descontos, o valor líquido fica em torno de R$ 17,6 mil por mês.
Cid foi incorporado ao Departamento-Geral do Pessoal (DGP) seguindo a legislação brasileira vigente, que rege que militares só deixam de receber a remuneração em caso de desligamento por anulação de incorporação (expulsão), faltas disciplinares, condenação criminal ou falecimento.
No último sábado, a importante delação premiada de Cid foi finalmente homologada. Moraes impôs outras condições para permitir a soltura do Tenente-Coronel, incluindo o uso da tornozeleira eletrônica, a proibição de sair de casa à noite e a não utilização de redes sociais.
Num desdobramento crucial para os procedimentos judiciais, para garantir os benefícios do acordo de delação premiada e de um eventual perdão judicial em caso de condenação, Cid deve contribuir efetivamente nas investigações que envolvem seu ex-chefe, Jair Bolsonaro. Caso contrário, o acordo pode ser rescindido.
Dentre as principais investigações em que Cid deve colaborar está a venda de presentes recebidos por Bolsonaro durante seu mandato. O levantamento mais imediato concerne à venda de dois relógios, presentes de outros chefes de estado que foram vendidos por Cid e seu pai.
Outra importante investigação a que Cid está ligado trata-se da suposta fraude nos cartões de vacinação dele, dos membros de sua família, de Bolsonaro e da filha deste, Laura. O Tenente-Coronel deve esclarecer se os dados, que foram alterados antes de uma viagem aos Estados Unidos, foram modificados sob a sua orientação.
O passado profissional de Cid como ajudante de ordens do ex-presidente conecta-o intimamente a vários incidentes envolvendo Bolsonaro. Entre esses episódios, destaca-se uma reunião no Palácio do Planalto em que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) alegou ter ouvido o ex-deputado Daniel Silveira discutir um plano para gravar Moraes.