Poucos dias após ser convidado para assumir o Ministério da Previdência, Wolney Queiroz já enfrenta uma forte ofensiva da oposição no Congresso Nacional. O ministro substitui Carlos Lupi, que pediu demissão após pressões decorrentes das investigações sobre fraudes em descontos associativos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Deputados e senadores da oposição afirmam já terem reunido assinaturas suficientes para instalar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as fraudes bilionárias detectadas no INSS. Paralelamente, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) anunciou que alcançou as 171 assinaturas necessárias para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exclusiva na Câmara, destinada a apurar o envolvimento de sindicatos no esquema fraudulento.
Além dos pedidos de CPI e CPMI, a oposição também recorreu à Justiça contra Wolney Queiroz. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) apresentou uma ação popular na Justiça Federal de Brasília buscando impedir a posse do ministro. Na ação, a senadora alega que Wolney presidiu parte de uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) em abril deste ano, na qual teria tomado conhecimento do relatório sobre fraudes, mas não adotou providências para proteger os beneficiários do INSS.
No mesmo sentido, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, protocolou um pedido junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que Wolney seja afastado imediatamente do cargo. O parlamentar também solicitou que sejam investigadas possíveis omissões e violações aos princípios da administração pública por parte do ministro.
A crise no INSS já resultou no afastamento de seis servidores públicos na última semana, após a operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU). As investigações apontaram que entidades ligadas ao esquema não possuíam estrutura operacional para prestar os serviços prometidos.
Segundo as apurações, os mais atingidos pelas fraudes foram grupos vulneráveis, como trabalhadores rurais e indígenas, que tiveram descontos não autorizados realizados em suas aposentadorias e pensões. O valor total estimado das fraudes pode ultrapassar R$ 6 bilhões.