Em busca de refúgio contra as extremas condições climáticas, a população de Coober Pedy, ao norte da Austrália, vive sob a terra. Com temperaturas potencialmente letais, ultrapassando os 50°C no verão, 60% dos 2.5 mil habitantes optam pela singular vida subterrânea. As casas, entalhadas nas rochas de arenito e siltito ricas em ferro, mantêm uma temperatura estável de 23°C, criando um oásis de conforto em meio ao calor escaldante do deserto. Este tipo de habitação, que de início pode parecer bizarra, começa a se revelar como uma solução profética diante das mudanças climáticas que o mundo enfrenta.
Este método de moradia encontrou ecos na China, que recentemente recorreu a abrigos subterrâneos para proteger seus cidadãos de um surto de calor. Morar abaixo da superfície da terra não é uma novidade; desde ancestrais humanos que se se resguardaram nas cavernas da África do Sul a um casal conseguindo encontrar uma gema valiosa enquanto fazia reformas em sua casa subterrânea em Cooper Pedy. Assim, enquanto incêndios florestais se intensificam e ondas de calor aumentam ao redor do mundo, a prática subterrânea desses moradores do deserto parece mais relevante do que nunca.
A questão então é: as casas subterrâneas poderiam ser uma solução efetiva para outras regiões do mundo? A experiência de Coober Pedy sugere que, com as condições geológicas corretas, é possível. As rochas da região são excepcionalmente macias, permitindo que seus residentes, com algum esforço, escavem suas próprias casas. A umidade, principal desafio para esse tipo de construção. Em locais mais úmidos, é preciso trabalho adicional para impermeabilizar os túneis e evitar a proliferação de mofo e umidade. No entanto, se a humanidade pretende perseverar face as mudanças climáticas, inovações radicais como esta podem ser exatamente o que precisamos.