Ministério da Saúde mantém contrato com empresa investigada por fraudes em licitações

O Ministério da Saúde está sendo criticado por manter um contrato com a empresa de publicidade Nacional Comunicação, que está sendo investigada pela Controladoria-Geral da União (CGU) por envolvimento em fraudes em licitações internas de outra pasta.

Segundo reportagem do Estadão, a CGU diz que a empresa teria tido acesso a informações privilegiadas para vencer as disputas ainda durante o governo de Michel Temer. O processo de investigação já dura três anos e ainda não há previsão de conclusão.

A concorrência pública que resultou no contrato com o Ministério da Saúde foi aberta em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro, mas a assinatura do acordo ocorreu no começo do terceiro mandato Lula, na gestão da ministra Nísia Trindade. Além desse contrato, a empresa de publicidade possui mais três contratos com outros ministérios, totalizando R$ 645 milhões.

Um desses contratos, firmado com a pasta do Desenvolvimento Social, foi renovado por mais um ano pelo governo petista em setembro deste ano, no valor estimado de R$ 120 milhões. Com isso, a Nacional Comunicação pode receber até R$ 920 milhões pelos acordos fechados nos últimos três anos, período em que a investigação da CGU está em andamento.

Além do Ministério da Saúde e do Desenvolvimento Social, a empresa também tem contratos com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência e o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

Em 2020, a CGU instaurou um Processo Administrativo de Responsabilização (PAR) para investigar indícios de favorecimento da Nacional Comunicação em campanhas de publicidade do Ministério do Turismo. Na época, o ministério era chefiado por Vinicius Lummertz.

Segundo o Estadão, a denúncia também aponta irregularidades graves na produção das campanhas, incluindo indícios de fraude no processo de apresentação das propostas e pagamento por serviços não prestados ou duplicados. As suspeitas levaram a CGU a recorrer à Justiça para solicitar a quebra de sigilo bancário e fiscal dos envolvidos no esquema, incluindo os representantes da Nacional Comunicação.

O dono da agência, Paulo de Tarso Lobão Morais, já possui condenações anteriores por irregularidades em licitações públicas. O processo está atualmente parado no Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF-2) desde 2021, pois foi colocado em sigilo a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).

A diretora da Nacional Comunicação, por sua vez, afirmou que o processo ainda está em fase de apuração e que tem colaborado com as autoridades, fornecendo todos os esclarecimentos necessários.

O Ministério da Saúde afirmou que todas as exigências legais foram estritamente cumpridas durante o processo de contratação da empresa em questão. De acordo com a pasta, até o momento, a contratada tem cumprido com todas as suas obrigações contratuais.

A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República informou que não foi informada sobre a apuração conduzida pela CGU referente às supostas irregularidades cometidas pela empresa. Além disso, a Secom ressaltou que a licitação em questão foi realizada pelo governo anterior.