As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a situação em Gaza voltaram a gerar reações da comunidade judaica. Em entrevista concedida antes de deixar Moscou, no sábado (10), Lula afirmou que Israel estaria promovendo um genocídio na Faixa de Gaza, ao atacar mulheres e crianças sob o argumento de combater o terrorismo. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou as falas e acusou o presidente de promover discurso antissemita.
Durante a entrevista, Lula declarou que “na Faixa de Gaza é um genocídio, de um exército muito bem preparado contra mulheres e crianças a pretexto de matar terroristas”. O presidente citou ainda ataques a hospitais onde, segundo ele, não havia presença de combatentes, apenas civis.
Em nota oficial, a Conib classificou as declarações como falsas e representativas de uma narrativa que, segundo a entidade, esconde um sentimento antissemita. A confederação declarou que Lula “mais uma vez faz declarações antissemitas” ao acusar Israel de deliberadamente atacar civis.
A entidade também criticou a diferenciação feita por Lula entre a guerra em Gaza e a guerra na Ucrânia. O presidente brasileiro descreveu o conflito entre Rússia e Ucrânia como “uma guerra entre dois Estados”, enquanto comparou a situação em Gaza a um massacre unilateral. O Tribunal Penal Internacional (TPI), no entanto, já emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo Vladimir Putin, acusando-o de crimes de guerra, incluindo a deportação ilegal de crianças ucranianas.
A Conib reforçou seu posicionamento ao comparar a fala de Lula com antigas manifestações de antissemitismo, afirmando que acusar judeus de matar crianças é uma das formas mais antigas desse tipo de discurso. Segundo a entidade, tais declarações colocam em risco a convivência pacífica da comunidade judaica no Brasil.
O atual conflito entre Israel e Hamas teve início em 7 de outubro de 2023, após ataques do grupo palestino ao território israelense, que resultaram em cerca de 1.200 mortes. Em resposta, Israel iniciou operações militares na Faixa de Gaza, que já causaram milhares de mortes, incluindo membros do Hamas e civis palestinos.
A Conib concluiu sua nota afirmando que as falas de Lula ignoram o início do conflito, atribuído aos ataques do Hamas, e acusou o grupo palestino de utilizar civis como escudos humanos para promover uma ideologia de extermínio contra Israel e os judeus.