Durante visita oficial à Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando seu discurso como “absurdo” e comparando-o ao de anarquistas que defendem uma sociedade sem instituições. As declarações foram feitas em entrevista à revista americana The New Yorker, publicada nesta quinta-feira (8).
Na entrevista, Lula expressou preocupação com o enfraquecimento dos princípios democráticos estabelecidos após a Segunda Guerra Mundial, como o respeito à diversidade, à soberania dos países e à cooperação global. Ele também criticou as políticas tarifárias adotadas por Trump durante seu mandato, argumentando que essas medidas refletem um afastamento dos ideais democráticos.
Lula está em Moscou para participar das comemorações do 80º aniversário do Dia da Vitória, que celebra a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. O evento, realizado nesta sexta-feira (9), conta com a presença de líderes de diversos países, incluindo o presidente da China, Xi Jinping, e o de Belarus, Aleksandr Lukashenko. Lula é um dos poucos líderes de grandes democracias a comparecer à cerimônia.
Durante sua estadia na Rússia, Lula também se reuniu com o presidente Vladimir Putin para discutir acordos de cooperação científica e tecnológica, além de buscar ampliar as relações comerciais entre os dois países.
Em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, Lula criticou a abordagem da administração anterior de Joe Biden, acusando o governo norte-americano de priorizar a destruição das forças russas em vez de buscar a paz. Ele afirmou que, se a paz for alcançada agora e for mediada por Trump, o presidente americano poderá ganhar o Prêmio Nobel da Paz, o que acarretaria custos à Europa, que teria de financiar a guerra e a reconstrução da Ucrânia.
Lula reiterou seu compromisso com o multilateralismo e a diplomacia como meios para resolver conflitos internacionais, destacando a importância de um diálogo aberto entre as nações para evitar novas divisões geopolíticas.