O sinistro que envolveu um jato executivo da Embraer Legacy 600 na rota entre Moscou e São Peterburgo e resultou na morte de todos os dez ocupantes, ainda traz questões preocupantes. A lista de passageiros continha o nome de Ievguêni Prigojin, líder do grupo mercenário Wagner e aliado próximo do presidente russo Vladimir Putin. Prigojin, apelidado de “chef de Putin”, era chefe do grupo mercenário desde 2014, e supostamente controlava cerca de 50 mil soldados, incluindo ex-detentos que trocaram a liberdade pelo combate.
Prigojin ganhou notoriedade após um motim contra os líderes militares russos, considerado o maior desafio interno ao governo de Putin. Contudo, o evento nunca foi completamente desvendado, existindo diversas contradições ao seu redor. Sua atuação mercenária também foi alvo de sanções dos Estados Unidos. Embora tenha rompido o relacionamento com a cúpula militar russa, Prigojin continuou ativo em suas redes sociais. Seu último post, um vídeo aparentemente gravado na África durante operações do grupo Wagner, foi compartilhado um dia antes do acidente.
Mortes misteriosas e violentas de adversários políticos de Putin têm sido uma ocorrência recorrente na Rússia, e a situação que envolve Prigojin levanta preocupações sobre uma possível “queima de arquivo”. De acordo com o Ministério das Situações de Emergência, apenas oito dos dez corpos a bordo do jato foram encontrados nos escombros. Embora a morte de Prigojin ainda não tenha sido oficialmente confirmada, se sua presença no avião for comprovada, o Kremlin pode ter dificuldades para evitar acusações semelhantes. A situação permanece incerta, e as circunstâncias nebulosas do acidente apenas adicionam mais lenha na fogueira do mistério que circunda a vida e a morte do líder mercenário.