O julgamento de Jonathan Messias Santos da Silva, torcedor do Flamengo acusado de matar uma torcedora do Palmeiras, começou nesta segunda-feira (19) no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. O crime ocorreu durante uma briga entre torcidas rivais nos arredores do Allianz Parque, em julho de 2023, e o caso mobilizou forte investigação, incluindo perícia 3D e análise de vídeos.
Confronto entre torcidas terminou em tragédia
O incidente aconteceu em 8 de julho de 2023, durante uma partida do Campeonato Brasileiro entre Palmeiras e Flamengo. Uma confusão entre torcidas nas imediações do Allianz Parque resultou em dois feridos. Uma das vítimas, atingida por uma garrafa de vidro, foi hospitalizada em estado grave, mas morreu dois dias depois. O laudo do Instituto Médico Legal apontou a causa da morte como “hemorragia aguda externa traumática”.
Inicialmente, outra pessoa foi detida, mas a prisão foi revogada após surgirem vídeos indicando que o objeto teria sido arremessado por outra pessoa. A investigação evoluiu com a análise dessas imagens.
Investigação identificou suspeito por reconhecimento facial
Após apuração da Polícia Civil, Jonathan Messias foi apontado como principal suspeito. Ele foi identificado por câmeras de reconhecimento facial nas proximidades do estádio. À época, Jonathan era professor e diretor-adjunto em uma escola municipal no Rio de Janeiro e não possuía antecedentes criminais. Após sua prisão, foi afastado de suas funções pela prefeitura do Rio.
De acordo com a polícia, vídeos mostraram Jonathan pegando uma garrafa no chão e a lançando em direção ao espaço entre os tapumes que separavam as torcidas. A análise técnica envolveu sincronização de áudio e imagem para confirmar o momento do arremesso. O delegado afirmou que Jonathan trocou de roupa após o ato, o que levantou mais suspeitas.
A delegada Ivalda Aleixo, do DHPP, reforçou que apenas o objeto arremessado por Jonathan poderia ter atingido a vítima, segundo a perícia. Ela refutou alegações de edição nas imagens apresentadas, assegurando que os vídeos utilizados estavam íntegros e focavam apenas o momento relevante.
Perícia 3D reforçou acusação contra Jonathan
Uma análise pericial 3D foi conduzida para complementar a investigação. O trabalho utilizou fotografias convencionais e aéreas feitas com drones, escaneamento a laser do local e vídeos de testemunhas. O laudo técnico concluiu que Jonathan estava em posição visível e lançou a garrafa em direção a um vão entre chapas metálicas, mesmo com a presença de guardas e outros torcedores no local.
Segundo a perícia, o espaço do portão tinha 70 centímetros de largura e estava a pouco mais de 3 metros do local onde Jonathan estava. A reconstrução serviu para reforçar a hipótese de que ele foi o responsável pelo lançamento do objeto que causou a morte da vítima.
Justiça manteve prisão preventiva do réu
Com base nos elementos reunidos, a juíza Marcela Raia Sant’Anna converteu a prisão temporária de Jonathan Messias em prisão preventiva, justificando a decisão pela gravidade do crime e por considerá-lo motivado por ódio à torcida adversária.
Em fevereiro de 2024, a Justiça decidiu levá-lo a júri popular, mantendo a prisão preventiva e negando o direito de recorrer em liberdade. A magistrada destacou ainda o fato de o acusado ter retornado ao seu estado sem se apresentar às autoridades, o que reforçou o argumento de risco à ordem pública.
Defesa nega autoria e questiona provas
Durante o processo, a defesa de Jonathan sustentou sua inocência, alegando ausência de provas suficientes para incriminá-lo. Seus advogados contestaram a validade dos vídeos apresentados e contrataram uma perícia independente, que apontou, segundo eles, a impossibilidade de afirmar com certeza que Jonathan teria arremessado a garrafa que atingiu a vítima.
Em seu interrogatório policial, Jonathan optou por permanecer em silêncio. A defesa ainda sustenta que não há base legal para a manutenção da prisão do réu.
Conclusão:
O caso envolvendo Jonathan Messias Santos da Silva segue em julgamento no Tribunal do Júri, com base em uma série de provas técnicas e testemunhais. A acusação sustenta que ele foi o autor do arremesso fatal, enquanto a defesa contesta a validade dos materiais apresentados. O desfecho dependerá da análise do júri popular diante dos elementos reunidos até o momento.