O assassinato do jovem José William Santos Barros, de 26 anos, na Comunidade Quilombola do Alagadiço, em Juazeiro, na Bahia, tem gerado indignação e pedidos de justiça. O caso ocorreu no domingo (27), pouco mais de uma semana após a morte da líder quilombola Mãe Bernadete, amplificando uma triste estatística: a Bahia lidera o ranking de mortes de quilombolas no Brasil na última década. A denúncia de Barros ser vítima de um disparo nas costas feito pela Polícia Militar dentro da comunidade quilombola tem sido um dos pontos mais questionados.
Devido a alegações conflitantes, a 1ª Delegacia Territorial de Juazeiro está investigando o caso. Segundo a associação de moradores da Comunidade do Alaçadiço, William foi atingido pelos disparos quando simplesmente estava em pé na motocicleta, contrariando a versão da Polícia Militar que alega que o jovem estava empinando uma moto. Enquanto isso, a PM argumenta que a vítima era um suspeito e entrou em confronto com a polícia.
O aumento da violência contra os quilombolas tem levantado debates necessários e urgentes. Na sexta-feira (25), antes do trágico ocorrido com William, o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues já havia se reunido com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, e o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Nilson Soares Castelo Branco, para discussão acerca das garantias de direitos das comunidades quilombolas. Além disso, a organização Educafro divulgou uma carta aberta ao governo, pedindo mais atenção e ações efetivas dos órgãos competentes, especialmente do Ministério Público.