A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União investigam o envolvimento do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) em um esquema de descontos indevidos em aposentadorias, que teria movimentado R$ 259 milhões entre 2019 e 2024. A entidade, ligada à Força Sindical, tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Lula.
A ascensão de Frei Chico à diretoria do Sindnapi ocorreu em agosto de 2023. Segundo pessoas próximas à Força Sindical, a indicação foi feita diretamente por Lula, que solicitou ao então presidente do sindicato, João Batista Inocentini, a inclusão do irmão na liderança. Inocentini atendeu ao pedido e, após sua morte no mesmo mês, Millton Baptista de Souza assumiu a presidência e formalizou a nomeação de Frei Chico como vice-presidente.
Desde que passou a ocupar o cargo, Frei Chico desempenha funções estratégicas na entidade. Ele substitui o presidente em ausências, participa da definição de normas internas e da fixação de valores cobrados dos filiados.
Relatórios da Polícia Federal indicam que o Sindnapi arrecadou valores expressivos por meio de descontos aplicados nas aposentadorias sem documentação que comprove autorização dos beneficiários. Entre as instituições citadas na investigação, o sindicato ocupa a terceira posição em volume arrecadado no período analisado.
Apesar de ser mencionado na apuração, o Sindnapi não foi alvo de medidas como bloqueio de recursos ou pedidos de quebra de sigilos bancário e fiscal por parte da Advocacia-Geral da União (AGU). O ministro Jorge Messias, responsável pela AGU, afirmou que as sanções foram destinadas apenas a instituições criadas especificamente para fraudar o sistema, o que, segundo ele, não seria o caso do sindicato.