O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a proposta do governo para o crédito consignado privado, conhecido como “empréstimo do Lula”, destacando a iniciativa como alternativa ao crédito informal. Em entrevista, ele afirmou que muitos trabalhadores recorrem a agiotas ou enfrentam juros elevados de até 7% ao mês.
Apesar da intenção de oferecer condições mais vantajosas, simulações apontam que as taxas podem chegar a 5,5% mensais, o que representa aproximadamente 90,12% ao ano. Um exemplo citado mostra que um empréstimo de R$ 1 mil, pago em 12 parcelas, resultaria em um total de R$ 1,2 mil, com juros mensais de 3,04%.
O programa é direcionado a trabalhadores com carteira assinada (CLT) e ainda está em fase de testes. Haddad reconheceu que o modelo exige acompanhamento rigoroso, mas afirmou que o objetivo é reduzir os custos com crédito. Ele também mencionou casos de assédio de instituições financeiras, embora ainda não existam dados consolidados sobre irregularidades.
Haddad monitora o consignado
Segundo o ministro, as taxas de juros estão sendo reduzidas em até 50%. Ele reforçou que a fiscalização é contínua e que o Ministério da Fazenda acompanha de perto a implantação do programa, em colaboração com o Ministério do Trabalho. Haddad afirmou que denúncias da imprensa e da população ajudam a aprimorar o modelo.
A discussão sobre crédito ocorre paralelamente à repercussão do escândalo de fraudes no INSS, que envolveu descontos indevidos de aposentados. Um dos citados nas investigações é Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fraudes reacendem alerta de risco
Haddad destacou que o consignado é diferente dos mecanismos envolvidos nas fraudes, mas reconheceu a importância de vigilância. Ele alertou que o novo programa pode apresentar riscos caso medidas adequadas não sejam adotadas.
Durante a entrevista, o ministro também comentou a taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano, classificando-a como elevada. Mesmo assim, demonstrou otimismo ao projetar um crescimento econômico de 2,5% para este ano.
Juros altos, otimismo mantido
O ministro abordou ainda a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, medida que, segundo ele, pode beneficiar cerca de 15 milhões de pessoas. Haddad defendeu a rápida aprovação do projeto pelo Congresso.
Sobre as fraudes no INSS, o ministro elogiou a atuação da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal. Ele afirmou que o governo trabalha para identificar o valor total das perdas e garantir o ressarcimento aos aposentados lesados.
Haddad cobra isenção e justiça fiscal
Haddad também comentou a posição do Brasil na disputa comercial entre Estados Unidos e China. Defendeu uma postura multilateral e ressaltou a importância de parcerias com Ásia, Europa e EUA para o desenvolvimento do país.
Questionado sobre uma possível candidatura presidencial em 2026, Haddad desconversou, afirmando que a decisão sobre reeleição cabe ao presidente Lula. Disse ainda estar focado nas tarefas do cargo atual.
Ao encerrar a entrevista, o ministro reafirmou o compromisso do governo com responsabilidade fiscal e distribuição de renda, destacando que o país vive um dos melhores momentos nesse aspecto nos últimos anos.