Relatos de um cidadão brasileiro que vive no Gabão, na África Central, descrevem um ambiente de festa nas ruas após um golpe militar que derrubou a família que governava o país desde os anos 60. Desde o último sábado (26), a tensão era crescente entre os eleitores que foram às urnas para escolher o presidente, com a votação sendo realizada normalmente, porém seguida pelo corte de internet e um toque de recolher imposto pelo governo. Estas ações levantaram suspeitas quanto à transparência do processo eleitoral.
O brasileiro, que preferiu não se identificar por razões de segurança, relatou à CNN Brasil que despertou na manhã de quarta-feira (30) com o som de disparos nas ruas da capital, Libreville. Logo depois, um amigo compartilhou a notícia do pronunciamento militar na televisão que anunciava a tomada do poder. Segundo informou, a internet voltou a funcionar logo depois do anúncio e as empresas foram orientadas a retomar suas atividades o mais rápido possível. “A sensação é de alívio e alegria. Me sinto mais tranquilo, por enquanto”, relatou.
De acordo com informações divulgadas pela televisão, oficiais das Forças Armadas do Gabão cancelaram os resultados das eleições, fecharam as fronteiras e dissolveram instituições governamentais. Eles afirmaram representar todas as forças de segurança e defesa do país e declararam ter prendido o presidente Ali Bongo em prisão domiciliar. Bongo havia assumido o governo em 2009, sucedendo seu pai, Omar Bongo, que governou o Gabão por mais de quatro décadas e cuja administração é acusada por opositores de pouco distribuir a riqueza advinda do petróleo e mineração do país entre seus 2,3 milhões de habitantes. O governo do Gabão ainda não se pronunciou oficialmente sobre a situação.