Mundo

França mantém oposição ao acordo UE-Mercosul e trava avanço do pacto comercial

França mantém oposição ao acordo UE-Mercosul e trava avanço do pacto comercial

A ratificação do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul continua a enfrentar um obstáculo significativo devido à firme oposição da França. O governo francês argumenta que o pacto, em sua forma atual, representa uma ameaça aos seus agricultores e não garante o cumprimento de rigorosas normas ambientais e sanitárias, gerando um impasse que se arrasta há anos.

As Exigências Francesas

O material original, publicado pelo portal Terra Brasil Notícias, aponta que a principal preocupação francesa reside na proteção do seu setor agrícola. O governo do presidente Emmanuel Macron exige a implementação de “cláusulas espelho”, que obrigariam os produtos importados do Mercosul a seguir as mesmas regras de produção impostas aos produtores europeus, especialmente em relação ao uso de pesticidas e ao bem-estar animal. A França teme que a entrada de produtos agropecuários sul-americanos, com custos de produção mais baixos, crie uma concorrência desleal e prejudique seus agricultores.

Além da questão agrícola, as preocupações ambientais são centrais na posição francesa. Durante sua visita ao Brasil em março de 2024, o presidente Emmanuel Macron classificou o acordo como “péssimo” e defendeu a negociação de um novo pacto que leve em conta a biodiversidade e o clima, conforme noticiado pela Agência Brasil. A França e outros países europeus condicionam o avanço das negociações a garantias concretas de combate ao desmatamento, especialmente na Amazônia.

Contexto e Status Atual do Acordo

O acordo de livre-comércio entre os dois blocos foi concluído em princípio em 2019, após duas décadas de negociações. No entanto, o texto nunca foi ratificado e sua implementação depende da aprovação unânime dos 27 países-membros da UE, além do Parlamento Europeu. O conteúdo original menciona datas futuras para a assinatura e adoção do acordo (final de 2024 e setembro de 2025), porém, o processo encontra-se paralisado justamente pela falta de consenso.

De um lado, a Comissão Europeia e países como Alemanha e Espanha defendem o acordo pelo seu potencial econômico, que facilitaria a exportação de produtos industrializados europeus, como automóveis e maquinário, para o mercado sul-americano. Do outro, além da França, países como Áustria e Irlanda também expressam forte ceticismo, principalmente em defesa de seus setores rurais.

Futuro Incerto e a Busca por Consenso

O futuro do acordo UE-Mercosul permanece incerto. Para que o pacto avance, será necessário reabrir negociações para incorporar as demandas ambientais e as salvaguardas para o setor agrícola exigidas pela França e outros críticos. Os defensores do acordo argumentam que ele poderia ser uma ferramenta para pressionar os países do Mercosul a adotarem práticas mais sustentáveis.

Enquanto as divergências persistem, o maior acordo comercial já negociado pela União Europeia continua em compasso de espera. A resolução do impasse dependerá da capacidade dos dois blocos de encontrarem um equilíbrio entre os interesses econômicos, a proteção dos produtores locais e os compromissos com a sustentabilidade global.