O ex-presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), mostra resistência à ideia de não se pronunciar durante seu depoimento a respeito do caso de joias recebidas como presentes em eventos oficiais e posteriormente comercializadas no exterior. De acordo com relatos compartilhados com a CNN, desde o início, o ex-presidente foi aconselhado a adotar um pacto de silêncio como parte central de sua estratégia de defesa no depoimento marcado na Polícia Federal para a próxima quinta-feira (31).
No entanto, Bolsonaro avalia que, embora sua silêncio possa proporcionar certa segurança jurídica, isso poderia representar um revés político significativo. Há preocupações de que sua recusa em falar possa ser interpretada como um tipo de admissão de culpa. Continuamente alertado sobre a dificuldade de controlar simultaneamente oito depoimentos, o ex-presidente ainda se mantém cauteloso.
A Polícia Federal optou por ouvir, de uma vez, Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle, e mais seis pessoas envolvidas no caso. O grupo inclui ex-assistentes de Bolsonaro, o advogado Frederick Wassef e o ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fábio Wajngarten. O círculo político de Bolsonaro viu a estratégia da PF como uma forma dissimulada de confronto de depoimentos, conhecida como acareação. Bolsonaro tem afirmado em conversas privadas sua confiança em Mauro Cid e rejeita a ideia de que seu ex-assistente participaria de um plano de delação, apesar da crescente cooperação de Cid com a Polícia Federal.