A dor e o clamor por justiça resonaram no Vale das Flores, em Teófilo Otoni, Minas Gerais, no velório de Juliana Ruas El-Aouar, 39 anos, médica psiquiátrica supostamente vítima de feminicídio. No sábado (2), em um hotel em Colatina, Espírito Santo, seu corpo foi encontrado com graves ferimentos. Ela era filha do médico cirurgião e ex-vereador samir Sagi El-Aouar, que falou sobre o caso pela primeira vez.
“Estamos arrasados”, disse ele a equipe da Inter TV dos Vales, atestando a incredulidade da família frente à brutalidade do ocorrido. Segundo Samir, Juliana foi vítima de um tratamento cruel que culminou em sua morte. “Foi uma tortura durante a noite toda. Ela sofreu traumatismo cranioencefálico em dois locais da cabeça, teve o estômago, a traqueia e o esôfago machucados. Foi um feminicídio, e, se Deus quiser, isso não ficará impune”, ele lamentou.
Samir relatou que a filha vinha sofrendo agressões constantes, demonstradas em hematomas e cicatrizes. Ela procurava se desvincular do relacionamento, mas o marido não aceitava a separação e fazia ameaças. O ex-vereador afirmou que acredita que o agressor já planejava tirar a vida de Juliana.
“Ele já vinha batendo nela algumas vezes, dizendo que ela tinha caído dentro de casa”, relembrou Samir. “Ele programou o que fez. Tirou minha filha da minha vida.” Diante da tragédia, ele pede veementemente pelo fim da violência contra mulheres no país e exige justiça para sua filha.
“Todos nós estamos sofrendo hoje por demais pelo que ele fez. Não tem justificativa, é mais um feminicídio”, Samir expressou. “Eu acredito que o nosso país deve acabar com essa matança de esposas, de namoradas. Isso é um absurdo.”
Ele faz um apelo por justiça e sorte para que o marido de Juliana seja mantido preso durante as investigações e o julgamento. “Eu espero que daqui para frente a justiça seja feita, sobretudo mantendo-o preso até o esclarecimento total dos fatos”, finalizou o médico.
Após o velório na Capela do Vale das Flores, Juliana foi sepultada às 16h no Cemitério do mesmo nome em sua cidade natal, Teófilo Otoni. Sua morte deixa uma marca indelével na comunidade, um triste destaque no cenário de violência contra mulheres no Brasil.