O ex-deputado federal Vilson da Fetaemg (PSB-MG), presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), orientou aposentados a não relatarem aos bancos descontos não autorizados nos benefícios do INSS. A declaração foi feita em vídeo nas redes sociais e voltou a circular após operação da Polícia Federal que investiga fraudes em cobranças a beneficiários da Previdência.
Na gravação, Vilson recomenda que os aposentados apenas solicitem extrato bancário e levem a questão diretamente ao sindicato. “Mas não vai conversar isso com [o banco], não. Vai lá, conversa com o seu sindicato”, afirmou. Caso o sindicato não tenha as informações, segundo ele, a Fetaemg deve acionar a Contag, em Brasília.
A Fetaemg, presidida por Vilson, é vinculada à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entidade investigada por obter autorizações fraudulentas para descontos em aposentadorias. Segundo a Polícia Federal, a Contag arrecadou mais de R$ 2 bilhões em contribuições, envolvendo cerca de 1,3 milhão de beneficiários. A Fetaemg teria recebido cerca de 15% desse valor, o que corresponde a aproximadamente R$ 500 mil mensais em Minas Gerais.
De acordo com o portal UOL, Vilson justificou que os bancos confundiam os aposentados e repassavam a responsabilidade aos sindicatos. “O banco dizia para o aposentado: ‘Isso é coisa do sindicato’. Jogava a gente como se fosse o demônio”, afirmou.
A partir de 2024, a Justiça de Minas Gerais passou a receber centenas de ações contra a Contag. No fim do ano, mais de 400 processos estavam em andamento no estado. A Fetaemg contratou advogados para defender a entidade.
Em 2021, Vilson participou da articulação de uma emenda que prorrogava o prazo para renovação das autorizações de desconto. A proposta foi assinada também por Wolney Queiroz, atual ministro da Previdência. Em 2022, a exigência foi extinta por medida provisória.
Com as investigações da Polícia Federal e a atuação da Controladoria-Geral da União (CGU), os acordos entre o INSS e entidades como a Contag foram cancelados. O governo anunciou a devolução dos valores aos aposentados prejudicados. Atualmente, há 13 inquéritos em andamento em cinco Estados: Minas Gerais, Ceará, Sergipe, São Paulo e Distrito Federal. O caso tramita na Justiça Federal em Brasília.