Uma das maiores estrelas já catalogadas, a WOH G64, localizada na Grande Nuvem de Magalhães, está passando por uma transformação incomum e acelerada que pode anteceder sua explosão como supernova. Com um raio estimado em 1.540 vezes o do Sol, o astro apresentou mudanças significativas em sua estrutura e luminosidade ao longo de poucos anos, conforme indica um estudo em fase de revisão.
A WOH G64, classificada como supergigante vermelha extrema, pode estar vivenciando uma fase rara e instável de sua evolução estelar. Localizada a aproximadamente 160 mil anos-luz da Terra, na galáxia satélite da Via Láctea, essa estrela passou por uma elevação de temperatura de 3.000°C para quase 4.500°C, o que alterou sua composição química visível e fez sua cor migrar do vermelho intenso para tons azulados.
Astrônomos também observaram que a estrela teve seu tamanho reduzido pela metade e sua luminosidade atual representa apenas 1% do brilho original na faixa vermelha. O fenômeno foi registrado entre 2009 e 2016, utilizando dados dos telescópios VLT e Magellan, no Chile.
A explosão de uma estrela como a WOH G64 ocorre quando seu núcleo, ao transformar-se em ferro, colapsa repentinamente. Esse colapso gera uma onda de choque impulsionada por uma emissão intensa de neutrinos, resultando na ejeção das camadas externas da estrela. A luminosidade desse tipo de supernova pode temporariamente superar o brilho de uma galáxia inteira.
Acreditava-se que a instabilidade da WOH G64 era causada pela elevada taxa de perda de massa. No entanto, as recentes observações apontam para causas mais complexas. Entre as hipóteses levantadas pelos pesquisadores, estão a expulsão das camadas externas por ventos estelares intensos ou a interação com outra estrela próxima, sugerindo que o sistema pode ser binário.
A mudança observada na WOH G64 reacende debates no meio científico sobre seu verdadeiro estágio evolutivo. Enquanto alguns pesquisadores acreditam que ela está prestes a se tornar uma supernova, outros sugerem que a estrela sempre foi uma hipergigante amarela, tendo sido anteriormente confundida com uma supergigante vermelha.
Catalogada pela primeira vez em 1981, a estrela continua sendo monitorada pela equipe da astrônoma Alceste Bonanos, do Observatório Nacional de Atenas, que coordena novas observações com o telescópio VLT. O estudo completo está atualmente sob revisão no portfólio da revista Nature.