A Embraer prevê um cenário positivo para sua divisão de aviação agrícola, estimando uma retomada mais consistente do mercado a partir de 2025. Atualmente, a empresa produz entre 60 e 70 aeronaves agrícolas por ano na unidade de Botucatu (SP), ritmo que deve ser mantido em 2024 caso o ambiente político e econômico permaneça favorável.
De acordo com o líder da aviação agrícola da Embraer, Sany Onofre, a capacidade da fábrica permite produzir até 100 unidades anuais sem necessidade de investimentos significativos. “Nosso plano, por ora, é continuar nessa faixa de produção”, disse Onofre durante a Agrishow, uma das maiores feiras agrícolas do país, encerrada recentemente.
O executivo destacou ainda um clima de otimismo maior este ano em comparação com o ano passado, o que indica o início de uma virada no setor agrícola. “Já percebemos um otimismo maior que no ano passado, que também foi bom”, afirmou.
O principal destaque da Embraer no segmento agrícola é o avião Ipanema, modelo com mais de 50 anos de história. A versão atual, integralmente movida a etanol, já conta com aproximadamente 400 unidades entregues, compondo uma frota ativa de cerca de 1.200 aeronaves no Brasil.
Segundo Onofre, o Ipanema é o avião mais vendido no país, considerando todos os segmentos da aviação, não apenas o agrícola. Ele explicou que o modelo oferece uma operação mais econômica, substituindo com eficiência até quatro pulverizadores terrestres. O custo atual da aeronave gira em torno de R$ 4 milhões, podendo variar conforme os equipamentos adicionais escolhidos pelo cliente. Propriedades rurais com mais de 1,5 mil hectares já conseguem justificar o investimento em uma aeronave própria, de acordo com a Embraer.
Além do tradicional Ipanema, a Embraer aposta também na inovação tecnológica com o lançamento do Agro Explore, uma plataforma digital voltada ao mapeamento preciso das áreas rurais. A ferramenta utiliza satélites da Visiona, empresa integrante do grupo Embraer, para detectar falhas de plantio e a presença de pragas nas lavouras, permitindo uma aplicação precisa de insumos agrícolas.
Questionado sobre a crescente utilização de drones na agricultura, Onofre afirmou não ver essas tecnologias como concorrentes diretas dos aviões agrícolas tradicionais. Segundo ele, drones têm capacidade reduzida em comparação ao Ipanema, transportando em média 40 litros contra os mil litros da aeronave da Embraer. “São tecnologias complementares. O importante é usar a ferramenta certa para cada tipo de operação”, ressaltou.