A disputa presidencial entre Kamala Harris e Donald Trump tem gerado um nível notável de ansiedade e apreensão em eleitores de todo o país. Nos dias que antecedem a eleição, marcada para esta terça-feira (5), muitos americanos estão recorrendo a estratégias variadas para lidar com o estresse.
Danielle Trenney, gerente de projetos de 39 anos da Pensilvânia, revelou que decidiu montar sua árvore de Natal mais cedo para desviar a atenção da tensão eleitoral. “Só estou tentando acalmar a ansiedade”, disse Trenney, que votou antecipadamente em Kamala Harris. A mesma preocupação é refletida em Jennifer Bunecke, uma aposentada de 68 anos que pretende votar em Trump e que buscou refúgio em leituras descontraídas para se desligar da política.
Medo de distúrbios e possível violência
Muitos americanos compartilham o receio de que a eleição, ou seus desdobramentos, possa levar a distúrbios. Uma pesquisa da Reuters/Ipsos realizada em outubro revelou que 74% dos eleitores registrados estavam preocupados com a possibilidade de violência relacionada às eleições. Essa apreensão é mais forte entre os democratas (90%) do que entre os republicanos (64%).
Alguns eleitores temem os possíveis efeitos das alegações de Trump de que a única maneira de os democratas vencerem seria através de fraude. Sherry Gay-Dagnogo, apoiadora de Harris em Detroit, disse que a retórica do ex-presidente é preocupante. “É como se ele estivesse acendendo uma base de violência antecipadamente”, afirmou.
Por outro lado, apoiadores de Trump, como Lillian Hall, de 68 anos, na Carolina do Norte, acreditam que o resultado pode gerar uma reação igualmente intensa se Harris vencer. “Acho que haverá uma raiva como ainda não vimos se Trump vencer”, ponderou.
Estratégias para lidar com o estresse eleitoral
O estresse da eleição levou eleitores a buscar diversas maneiras de se acalmar, desde atividades físicas até o isolamento das notícias. Lynn Nicholson, da Geórgia, se dedicou à jardinagem e caminhadas para desviar a atenção dos anúncios de campanha. Já Jean Thomson, uma coach executiva também da Geórgia, disse que joga fora todos os folhetos políticos que recebe pelo correio, preferindo meditar para manter a calma.
Ativismo como forma de alívio
Alguns eleitores encontraram alívio no ativismo. Shirley Easton, de 85 anos, de Tucson, Arizona, relatou que está enviando cartões postais para convencer outros a votarem em Harris. “Estou com muito medo por meus netos”, disse, referindo-se às preocupações geradas pela reversão do direito ao aborto pela Suprema Corte em 2022.
Lisa Fields, de Manhattan, adotou uma abordagem diferente: viajou até a Pensilvânia para fazer campanha para Trump, batendo de porta em porta. Ela expressou esperanças de que o país se torne mais unido após as eleições, independentemente do vencedor.
Espaços de desconexão e descompressão
Para outros, como Gillian Marshall, de Scottsdale, Arizona, que trabalha como motorista da Lyft e votou em Harris, a melhor maneira de enfrentar a ansiedade eleitoral é se preparar com vinho e tranquilizantes na noite da apuração. Marshall expressou um desejo comum entre os eleitores de ambos os lados: “Eu só quero que esse pesadelo acabe.”
O estresse generalizado e a preocupação com a estabilidade pós-eleitoral destacam o grau de polarização política que continua a dividir o país, enquanto os americanos aguardam ansiosamente o resultado dessa acirrada disputa presidencial.