A recente anulação do caso Roe x Wade pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos tem causado divisões profundas entre os candidatos republicanos. Desde a tomada da decisão histórica de 1973, que permitia o aborto até a viabilidade fetal, a discussão sobre o aborto se tornou novamente um ponto chave na política americana. Na última quarta-feira, o debate presidencial mostrou claramente esta divisão no partido republicano, com alguns candidatos apoiando a proibição do aborto de 15 semanas, enquanto outros preferem delegar a decisão aos estados, numa tentativa clara de não se comprometer com nenhuma posição específica.
O partido democrata, por outro lado, pretende explorar esta cisão independente do candidato republicano escolhido para disputar a eleição, como demonstrado no recente anúncio digital lançado por seus integrantes. Este retrata os candidatos da oposição como extremistas, enquanto reafirma a posição do atual Presidente Biden que defende que os Estados Unidos deveriam seguir o padrão estabelecido pelo caso Roe x Wade. Os eleitores têm demonstrado seu apoio à iniciativa, e numerosos candidatos de orientação pró-aborto foram eleitos nas eleições do último ano.
Posteriormente ao parecer do Supremo Tribunal, a decisão sobre o aborto ficou a cargo de cada estado, o que provocou uma onda de proibições completas ou praticamente totais do aborto em legislaturas estaduais encabeçadas por republicanos. Quase duas dúzias de estados tomaram medidas para proibir ou restringir o aborto. Tais ações, entretanto, não refletem necessariamente a opinião da população geral: pesquisas indicam que a vasta maioria dos americanos apoia alguma forma de aborto legal, mas com limitações. Ex-presidente Trump recentemente culpou as derrotas do partido nas eleições de meio de mandato à mal manipulada “questão do aborto”.