Em uma descoberta histórica, os historiadores marítimos Brendon Baillod e Bob Jaeck trouxeram à luz o naufrágio de um navio há muito perdido no Lago Michigan, nos Estados Unidos. A escuna Trinidad, um navio de 40 metros de comprimento, foi descoberto na costa de Algoma, Wisconsin, extraordinariamente bem preservada apesar de ter naufragado há 142 anos.
“Ficamos atônitos ao ver que não apenas o convés ainda estava no navio, mas que ainda tinha todos os pratos empilhados e todos os pertences da tripulação. É como um navio em uma garrafa. É uma cápsula do tempo”, disse Baillod ao New York Times. A escuna foi encontrada com a casa do deck ainda intacta, armários cheios de pratos e itens pessoais da tripulação preservados, atraindo comparações com uma “nave em uma garrafa”.
O processo de descoberta não foi fácil e levou dois anos para ser concluído. Baillod pesquisou notícias históricas, estudou rotas de navegação e localizou uma imagem inédita do navio, considerado o principal candidato à descoberta por causa de seu lento naufrágio e da descrição detalhada fornecida pela tripulação. Em julho, com o auxílio de sonar e a arqueóloga subaquática Tamara Thomsen, da Wisconsin Historical Society, Baillod e Jaeck conseguiram identificar o naufrágio.
O Trinidad desempenhou um papel-chave no comércio de grãos entre os lagos durante seu tempo de operação, carregando carvão ou ferro de Oswego, Nova York, para Chicago e Milwaukee, e voltando carregado com trigo de Wisconsin. Esse comércio era extremamente lucrativo, o que resultou em uma enorme riqueza para os proprietários do Trinidad.
No entanto, apesar de sua prosperidade, os proprietários do navio negligenciaram sua manutenção, levando a um fim trágico. “Os registros de seguro sugerem que o Trinidad recebeu pouca manutenção normal e foi essencialmente navegado para o fundo do lago”, revelou Baillod.
Em 11 de maio de 1881, vazamentos conhecidos por fim levaram ao naufrágio do navio, que afundou lentamente até o fundo do lago, a cerca de 90 metros de profundidade. Felizmente, o capitão e a tripulação conseguiram escapar, mas o cão da raça terra-nova do navio, que estava dormindo em uma cabine distante, foi tragado pelas águas.
A localização exata do naufrágio ainda não foi divulgada, pois Baillod e Jaeck planejam documentar o navio em detalhes antes de apresentá-lo para inclusão no Registro Nacional de Locais Históricos dos Estados Unidos. A descoberta ecoa o fascínio contínuo com a história marítima e a busca constante por “navios em garrafas” que oferecem um vislumbre do passado.